26 de Outubro respondemos nas ruas
Amanhã haverá uma manifestação apoiada publicamente por cerca de 1000 cidadãos subscritores do seu apelo, lançado a 22 de Setembro e intitulado “Que Se Lixe a Troika, Não Há Becos Sem Saída”. Há 14 cidades no país que aderiram ao protesto – Aveiro, Beja, Braga, Coimbra, Faro, Funchal, Horta, Lisboa, Portimão, Porto, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu. Esperamos que o dia 26 de Outubro seja mais uma importante data a assinalar num calendário de duro confronto entre a população deste país e o seu governo, mandatado pela troika. Em Lisboa, teremos no final da manifestação intervenções políticas e actuação de artistas.
O Orçamento do Estado para 2014 tornou ainda mais claro aquilo que vimos afirmando publicamente há já mais de um ano: A austeridade tem como objectivo único efectuar cortes em salários e pensões, empobrecer a população e desmantelar os serviços públicos. A realidade está absolutamente à vista: a Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República demonstrou que todos os sacrifícios que esmagaram a população do país no último ano, que forçaram à emigração centenas de milhares de pessoas, não tiveram qualquer impacte a nível de défice – o défice foi exactamente igual ao de 2012. Por outro lado, os dados do Boletim Estatístico do Banco de Portugal revelaram que a dívida pública chegou no final do 1º trimestre de 2013 aos 131,4% do PIB. Quando a troika entrou em Portugal, essa dívida era de 97%, valor considerado “insustentável” pela mesma. Durante mais de dois anos de intervenção da troika, a dívida pública aumentou mais de 34%. A política promovida pela troika e implementada pelo governo apenas aumentaram as dívidas e os défices. As conclusões são óbvias: a intervenção da troika e a acção do governo nada têm que ver com dívida e com défice, e tudo que ver com a destruição do modelo social, dos salários e pensões, dos sistemas de apoio às populações e em última análise, da democracia. Para continuar a destruição iniciada em Maio de 2011, já está anunciado o próximo memorando de austeridade: um programa cautelar, com mais um empréstimo com juros elevados, que implica mais medidas de austeridade e que será também supervisionado pela troika.
Sabemos que o sábado será um dia importante de desafio, de solidariedade, de persistência, de alternativa. Sabemos que seremos muitos milhares nas ruas de todo o país, a exigir a saída deste órgão oficioso e anti-democrático, este directório a que chamam troika, seremos muitos milhares a exigir a demissão de um governo sem credibilidade há muito, que vive em escândalo permanente e que assenta a sua governação no ataque a quem governa. Seremos muitos milhares a exigir o chumbo deste documento a que chamam Orçamento do Estado, mas que é apenas um Orçamento do Saque. Sabemos que somos nós o alvo desse saque. Resistiremos. E depois de sábado, continuaremos.