Perder o medo e ganhar a rua
Perco o medo quando vou contigo para a rua. Perco o medo quando me dás ânimo e me fazes acreditar no tal país de luz perfeita e clara. Perco o medo quando vejo o teu rosto e penso que podemos fazer qualquer coisa, qualquer outra coisa, porque o estado a que chegámos não é irreversível ou inevitável. Depende de ti, de mim e de nós. Inventámos a política para domar a fúria de quem acha ter-nos aquietado, domado, amansado. Perco o medo quando nos reconheço novamente, de voz firme e alma flamejante, porque isto vai. Isto vai.
Há dois anos que vivo entre Lisboa e Berlim. Dois anos de luta contra a incompreensão e contra uma Europa egoísta, sádica e infeliz, essa Europa de Bruxelas e Frankfurt que deseja transformar-nos em cifrões e atiça povos contra povos. Dois anos de fúria e raiva a crescer-me nos dentes, às vezes de corpo distante, sempre com o pensamento presente naquele lugar onde procuram tolher-nos de medo e nós começamos a dizer não. Onde, em Abril, se disse não. Aquele lugar onde perco o medo porque estou contigo. Em todos os aviões, em todas as noites passadas em branco à procura de notícias, em todos os momentos de raiva e madeira esmurrada, quando a derrota e o medo parecem instalar-se, penso em ti e em todos os dias que nos farão juntar os ombros, as vozes e os punhos. É isto que me move. É por isto que falo do que enfrentamos em todas as cidades que atravesso, em todas as línguas que conheço, gesticulando e chorando de raiva (se necessário). É por isso que levanto a voz quando me dizem que somos gente preguiçosa, incapaz, desiludida. Ou um povo estúpido e incapaz de governar-se. O povo não ordena, diz-se (em surdina cada vez menos surda). Lembro-me de ti e dos nossos ombros. Lembro-me dos teus sonhos e dos meus. E, de rompante, levanta-se a minha voz sem que precise de ordenar-lhe. Faz faísca, porque já não basta ficar em casa à espera da bonança. A tempestade está aí e, se queremos o nosso dia inicial inteiro e limpo, é preciso mais. É preciso que sejamos mais punhos e mais vozes. É preciso domar o medo e olhar para quem julga estar acima. Porque andámos demasiado tempo a olhar para o lado com desconfiança. Eu prefiro olhar para ti, juntar o meu ombro ao teu e unir a minha voz à tua. Será assim que ganharemos o nosso futuro.
Perco o medo quando vou contigo para a rua. Perco o medo quando me dás ânimo e me fazes acreditar no tal país de luz perfeita e clara. Perco o medo quando vejo o teu rosto e penso que podemos fazer qualquer coisa, qualquer outra coisa, porque o estado a que chegámos não é irreversível ou inevitável. Depende de ti, de mim e de nós. Inventámos a política para domar a fúria de quem acha ter-nos aquietado, domado, amansado. Perco o medo quando nos reconheço novamente, de voz firme e alma flamejante, porque isto vai. Isto vai.
Há dois anos que vivo entre Lisboa e Berlim. Dois anos de luta contra a incompreensão e contra uma Europa egoísta, sádica e infeliz, essa Europa de Bruxelas e Frankfurt que deseja transformar-nos em cifrões e atiça povos contra povos. Dois anos de fúria e raiva a crescer-me nos dentes, às vezes de corpo distante, sempre com o pensamento presente naquele lugar onde procuram tolher-nos de medo e nós começamos a dizer não. Onde, em Abril, se disse não. Aquele lugar onde perco o medo porque estou contigo. Em todos os aviões, em todas as noites passadas em branco à procura de notícias, em todos os momentos de raiva e madeira esmurrada, quando a derrota e o medo parecem instalar-se, penso em ti e em todos os dias que nos farão juntar os ombros, as vozes e os punhos. É isto que me move. É por isto que falo do que enfrentamos em todas as cidades que atravesso, em todas as línguas que conheço, gesticulando e chorando de raiva (se necessário). É por isso que levanto a voz quando me dizem que somos gente preguiçosa, incapaz, desiludida. Ou um povo estúpido e incapaz de governar-se. O povo não ordena, diz-se (em surdina cada vez menos surda). Lembro-me de ti e dos nossos ombros. Lembro-me dos teus sonhos e dos meus. E, de rompante, levanta-se a minha voz sem que precise de ordenar-lhe. Faz faísca, porque já não basta ficar em casa à espera da bonança. A tempestade está aí e, se queremos o nosso dia inicial inteiro e limpo, é preciso mais. É preciso que sejamos mais punhos e mais vozes. É preciso domar o medo e olhar para quem julga estar acima. Porque andámos demasiado tempo a olhar para o lado com desconfiança. Eu prefiro olhar para ti, juntar o meu ombro ao teu e unir a minha voz à tua. Será assim que ganharemos o nosso futuro.