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Acredito no poder do diálogo. Por isso vou à manifestação de 2 de Março.
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Sou ou tento ser uma pessoa de diálogo. Acredito que o diálogo é a melhor das formas de confrontar pontos de vista sobre o bem colectivo. Que país queremos? Quais as prioridades? Como calibrar liberdade e responsabilidade? Onde investir? Que aspectos do Estado são essenciais e acessórios? São questões destas que interessam ao cidadão que sou — que tento ser. Sou dos que acreditam que «o poder não deve cair na rua». Mas os corredores do palácio também não me parecem melhor sítio para o poder cair. E nem se trata de cair ou fazer-cair, trata-se de construir: uma manifestação pode ser uma bela forma de construir. As manifestações de que gosto são tanto protesto como prova de vida. Ou seja, prova de esperança. Há neste momento uma discussão acesa (bem melhor que um monólogo apagado) acerca das prioridades para esse bem colectivo chamado Portugal. E dando de barato que no governo eleito — apesar de com outro programa — haverá tendências e pessoas que desejam de facto o bem comum, uma manifestação pública é a forma de outras tantas pessoas defenderem que há outras vias, quiçá mais eficientes, de atingir esse objectivo. Ninguém pode falar em nome de todos: mas se isto é verdade para quem vai à manifestação, mais verdade ainda é para quem (a meio do mandato) se divorcia até mesmo dos seus próprios eleitores. Não sei quantas vozes eu represento ao ir à manifestação, mas sei que tenho menos voz se não for.
Desta manifestação vai sair alguma coisa? Boa pergunta. Posso dizer uma coisa: quando nos manifestamos há a remota possibilidade de a nossa voz se fazer ouvir. De a outra parte saber que não detém o monopólio da razão, ainda que reclame para si o monopólio da força. E, a menos que a telepatia já tenha sido inventada, caladinhos é que não vamos a lado nenhum.
Ainda assim, é certo que, neste Portugal acinzentado «cada um sabe de si». Ora eu, pelo menos, sinto-me mais cidadão quando dou a voz ao manifesto, e uma vez por outra gosto de ter gente ao meu lado.
Acredito no poder do diálogo. Por isso vou à manifestação de 2 de Março.
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Sou ou tento ser uma pessoa de diálogo. Acredito que o diálogo é a melhor das formas de confrontar pontos de vista sobre o bem colectivo. Que país queremos? Quais as prioridades? Como calibrar liberdade e responsabilidade? Onde investir? Que aspectos do Estado são essenciais e acessórios? São questões destas que interessam ao cidadão que sou — que tento ser. Sou dos que acreditam que «o poder não deve cair na rua». Mas os corredores do palácio também não me parecem melhor sítio para o poder cair. E nem se trata de cair ou fazer-cair, trata-se de construir: uma manifestação pode ser uma bela forma de construir. As manifestações de que gosto são tanto protesto como prova de vida. Ou seja, prova de esperança. Há neste momento uma discussão acesa (bem melhor que um monólogo apagado) acerca das prioridades para esse bem colectivo chamado Portugal. E dando de barato que no governo eleito — apesar de com outro programa — haverá tendências e pessoas que desejam de facto o bem comum, uma manifestação pública é a forma de outras tantas pessoas defenderem que há outras vias, quiçá mais eficientes, de atingir esse objectivo. Ninguém pode falar em nome de todos: mas se isto é verdade para quem vai à manifestação, mais verdade ainda é para quem (a meio do mandato) se divorcia até mesmo dos seus próprios eleitores. Não sei quantas vozes eu represento ao ir à manifestação, mas sei que tenho menos voz se não for.
Desta manifestação vai sair alguma coisa? Boa pergunta. Posso dizer uma coisa: quando nos manifestamos há a remota possibilidade de a nossa voz se fazer ouvir. De a outra parte saber que não detém o monopólio da razão, ainda que reclame para si o monopólio da força. E, a menos que a telepatia já tenha sido inventada, caladinhos é que não vamos a lado nenhum.
Ainda assim, é certo que, neste Portugal acinzentado «cada um sabe de si». Ora eu, pelo menos, sinto-me mais cidadão quando dou a voz ao manifesto, e uma vez por outra gosto de ter gente ao meu lado.