A 2 de Abril de 1976 era aprovada e decretada pela Assembleia Constituinte a Constituição da República Portuguesa.
Como dispositivo a ser utilizado em caso de emergência, como manual e palavra-passe para combater uma ameaça à persecução de um país mais justo, livre e fraterno por que lutamos, como salvo-conduto que a todos abra passagem, nesse dia, nessa primavera, ficou gravado na carta que nos rege enquanto comunidade, no seu Artigo 21.º, o direito de resistência:
«Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.»
Quase 37 anos passaram desde esse dia, quase 37 anos depois estamos perante um inimigo que se posicionou para submeter, à sua vontade, esta mesma carta, esta terra, esta gente e o seu bem comum.
Quase 37 anos depois, os pilares do edifício democracia, investida após investida, ameaçam ruir, sepultando sob os escombros a luta e a luz de gerações.
Quase 37 anos depois, quando um governo declara guerra a um povo, está assim legitimado o direito desse mesmo povo à resistência.
A força consagrada neste direito será a força da união deste povo, dos despojados do trabalho, das terras e dos mares, dos das vidas adiadas, dos que fazem as malas da partida, dos que, pela calada da noite, vão ao assalto do alimento da manhã seguinte, dos fardados e descamisados, dos operários e dos funcionários de um estado sitiado, dos bravos renegados disfuncionais de um estado que o não é, dos que calam, dos que rugem, dos que dormem, dos que, feridos de austeridade, resistem, dos que, perdendo o medo, recusam o inevitável.
Que nos chamem então vagabundos da utopia, porque é dos vagabundos o direito a contemplar a terra inteira, não meros espectadores, mas construtores deste tempo único, o tempo de tomar a paisagem, o tempo de, nesta Europa que se esvai, mostrarmos que estamos vivos, que há outro caminho e que estamos dispostos a percorrê-lo. Duro, de obstáculos feito, a rasgar, mas esse outro caminho É. Porque este povo É quem mais ordena.
Eu, pai, filho e neto, amigo, colega, vizinho, sonhador, cidadão, resistente, lá estarei, um afluente que se une a afluentes para, juntos, gerarmos o mar.
Como dispositivo a ser utilizado em caso de emergência, como manual e palavra-passe para combater uma ameaça à persecução de um país mais justo, livre e fraterno por que lutamos, como salvo-conduto que a todos abra passagem, nesse dia, nessa primavera, ficou gravado na carta que nos rege enquanto comunidade, no seu Artigo 21.º, o direito de resistência:
«Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública.»
Quase 37 anos passaram desde esse dia, quase 37 anos depois estamos perante um inimigo que se posicionou para submeter, à sua vontade, esta mesma carta, esta terra, esta gente e o seu bem comum.
Quase 37 anos depois, os pilares do edifício democracia, investida após investida, ameaçam ruir, sepultando sob os escombros a luta e a luz de gerações.
Quase 37 anos depois, quando um governo declara guerra a um povo, está assim legitimado o direito desse mesmo povo à resistência.
A força consagrada neste direito será a força da união deste povo, dos despojados do trabalho, das terras e dos mares, dos das vidas adiadas, dos que fazem as malas da partida, dos que, pela calada da noite, vão ao assalto do alimento da manhã seguinte, dos fardados e descamisados, dos operários e dos funcionários de um estado sitiado, dos bravos renegados disfuncionais de um estado que o não é, dos que calam, dos que rugem, dos que dormem, dos que, feridos de austeridade, resistem, dos que, perdendo o medo, recusam o inevitável.
Que nos chamem então vagabundos da utopia, porque é dos vagabundos o direito a contemplar a terra inteira, não meros espectadores, mas construtores deste tempo único, o tempo de tomar a paisagem, o tempo de, nesta Europa que se esvai, mostrarmos que estamos vivos, que há outro caminho e que estamos dispostos a percorrê-lo. Duro, de obstáculos feito, a rasgar, mas esse outro caminho É. Porque este povo É quem mais ordena.
Eu, pai, filho e neto, amigo, colega, vizinho, sonhador, cidadão, resistente, lá estarei, um afluente que se une a afluentes para, juntos, gerarmos o mar.