Tenho pensado muito nisto. No tempo que vivemos. Sei que este é o tempo. Este é o nosso tempo. Tempo de assumir o combate, tempo da audácia, tempo de olhar para o lado e ver sempre mais um de nós, mais um que enfrenta esta engrenagem cínica com que nos procuram triturar e fazer desistir.
Desistir. Adormecemos e acordamos a pensar porque é que somos poucos nas ruas. Porquê? Não se justificaria outro tipo de resposta? Outra forma de estar? Talvez… Mas se o verbo é desistir, nós dizemos insistir. Se o verbo é abandonar, nós dizemos lutar. Dizemos persistir, abraçar, dizemos caminhar, lado a lado, ombro a ombro. Quantos seremos? Verdadeiramente não importa. Sim, são assim os homens e mulheres de esquerda.
Mas o medo. O medo. O medo é cancro… o medo germina… ganha raízes… medo que se espalha, que tudo contamina. Medo do futuro. Medo de não conseguir viver. Medo de não conseguirmos sustentar os nossos filhos. Medo de falhar a vida… deixá-la passar por nós. E ela corre. Corre rápido. Amanhã é tarde. Perder. Medo de lutar. Medo de dar a cara. O medo tira-nos das ruas. Medo de ficar sozinho na luta. Quantos seremos?
Coragem. A única coragem que nos pedem hoje é a coragem cínica de passarmos por cima do nosso vizinho e concorrente por aquele lugar, aquele trabalho, aquele ordenado… como vamos derrotar o medo? Onde vamos arranjar coragem para sermos dois? Bastam dois.
Voto. Votaste neles. Acontece. O embrulho seduz. A resposta está lá sempre, infalível, certa como a falácia. Não tenhas medo de o assumir! Não tenhas medo de o assumir! Mas hoje não tenhas medo de gritar bem alto que eles não te enganam de novo. Acabou. Nunca mais. Eles todos. Eles, os mesmos de sempre transmutados nesta safra imbecil de neoliberais penteados de risco ao lado que neste momento nos governam… No dia em que lhes virares as costas… em que fores milhões… eles vão olhar para ti.
Convocam-se. Convocam-se os «ajustados», os desesperados, os «consolidados». É urgente um novo sentido na vida. Resistência. Os «remodelados», os «emprateleirados», os que não têm comida para dar aos filhos. Os que não têm dinheiro para remédios, ou que aviam as receitas parcialmente… à medida da miséria em que vivem. Tantas palavras novas que entraram nas nossas vidas… palavras como a fome.
Perguntar. Tempo de perguntar. Qual é o vosso limite? Quantos mais desempregados serão precisos? Qual é o limite? Um milhão e quatrocentos mil não chegam? Quantos mais suicídios? Quantas mais empresas destruídas? Quantas mais vidas destruídas? Quantas mais depressões? Quantas mais crianças às quais é negada uma infância? Quantas? Quantas mais pessoas desesperadas, pessoas sujeitas a um recolher obrigatório cínico, que não existe formalmente, mas existe de facto, pois as pessoas não podem sair de casa, porque não têm dinheiro para sair de casa?
Nossos. Eles não são dos nossos. Em cada simples escolha, eles optarão sempre pela defesa dos interesses dos seus, do seu grupo, da sua casta. Quer seja banca, quer sejam grandes empresas, quer seja nas privatizações desenfreadas, na venda dos anéis e de parte dos dedos. Eles não são os nossos. Não são como nós. Não sofrem como nós. São uma casta à parte. Não bebem a vida da mesma forma que nós. São de plástico. São canalhas.
Limite. Quando vamos atingir o limite? Quando iremos ver o milhão de desempregados nas ruas? Quando iremos ver os desalojados de punho erguido? Os precários? Os que sentem que brevemente estarão sem tecto? Os pais e mães, hoje sós, de todos os jovens que tiveram que emigrar, pois Abril não se cumpriu para eles? Onde estão aqueles aos quais é negada a saúde?
Estamos, como país, à beira da tragédia. Esperam que nos deixemos dominar com mansidão… serenidade. Até porque o povo é sereno, dizem...
Vamos ser cúmplices, ou vamos mudar isto? É que, como Victor Hugo um dia disse, «entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa». O tempo é hoje. O nosso tempo é agora! Dia 2 estou na rua.
Desistir. Adormecemos e acordamos a pensar porque é que somos poucos nas ruas. Porquê? Não se justificaria outro tipo de resposta? Outra forma de estar? Talvez… Mas se o verbo é desistir, nós dizemos insistir. Se o verbo é abandonar, nós dizemos lutar. Dizemos persistir, abraçar, dizemos caminhar, lado a lado, ombro a ombro. Quantos seremos? Verdadeiramente não importa. Sim, são assim os homens e mulheres de esquerda.
Mas o medo. O medo. O medo é cancro… o medo germina… ganha raízes… medo que se espalha, que tudo contamina. Medo do futuro. Medo de não conseguir viver. Medo de não conseguirmos sustentar os nossos filhos. Medo de falhar a vida… deixá-la passar por nós. E ela corre. Corre rápido. Amanhã é tarde. Perder. Medo de lutar. Medo de dar a cara. O medo tira-nos das ruas. Medo de ficar sozinho na luta. Quantos seremos?
Coragem. A única coragem que nos pedem hoje é a coragem cínica de passarmos por cima do nosso vizinho e concorrente por aquele lugar, aquele trabalho, aquele ordenado… como vamos derrotar o medo? Onde vamos arranjar coragem para sermos dois? Bastam dois.
Voto. Votaste neles. Acontece. O embrulho seduz. A resposta está lá sempre, infalível, certa como a falácia. Não tenhas medo de o assumir! Não tenhas medo de o assumir! Mas hoje não tenhas medo de gritar bem alto que eles não te enganam de novo. Acabou. Nunca mais. Eles todos. Eles, os mesmos de sempre transmutados nesta safra imbecil de neoliberais penteados de risco ao lado que neste momento nos governam… No dia em que lhes virares as costas… em que fores milhões… eles vão olhar para ti.
Convocam-se. Convocam-se os «ajustados», os desesperados, os «consolidados». É urgente um novo sentido na vida. Resistência. Os «remodelados», os «emprateleirados», os que não têm comida para dar aos filhos. Os que não têm dinheiro para remédios, ou que aviam as receitas parcialmente… à medida da miséria em que vivem. Tantas palavras novas que entraram nas nossas vidas… palavras como a fome.
Perguntar. Tempo de perguntar. Qual é o vosso limite? Quantos mais desempregados serão precisos? Qual é o limite? Um milhão e quatrocentos mil não chegam? Quantos mais suicídios? Quantas mais empresas destruídas? Quantas mais vidas destruídas? Quantas mais depressões? Quantas mais crianças às quais é negada uma infância? Quantas? Quantas mais pessoas desesperadas, pessoas sujeitas a um recolher obrigatório cínico, que não existe formalmente, mas existe de facto, pois as pessoas não podem sair de casa, porque não têm dinheiro para sair de casa?
Nossos. Eles não são dos nossos. Em cada simples escolha, eles optarão sempre pela defesa dos interesses dos seus, do seu grupo, da sua casta. Quer seja banca, quer sejam grandes empresas, quer seja nas privatizações desenfreadas, na venda dos anéis e de parte dos dedos. Eles não são os nossos. Não são como nós. Não sofrem como nós. São uma casta à parte. Não bebem a vida da mesma forma que nós. São de plástico. São canalhas.
Limite. Quando vamos atingir o limite? Quando iremos ver o milhão de desempregados nas ruas? Quando iremos ver os desalojados de punho erguido? Os precários? Os que sentem que brevemente estarão sem tecto? Os pais e mães, hoje sós, de todos os jovens que tiveram que emigrar, pois Abril não se cumpriu para eles? Onde estão aqueles aos quais é negada a saúde?
Estamos, como país, à beira da tragédia. Esperam que nos deixemos dominar com mansidão… serenidade. Até porque o povo é sereno, dizem...
Vamos ser cúmplices, ou vamos mudar isto? É que, como Victor Hugo um dia disse, «entre um governo que faz o mal e o povo que o consente, há certa cumplicidade vergonhosa». O tempo é hoje. O nosso tempo é agora! Dia 2 estou na rua.