Efeitos positivos da crise: o despertar da cidadania para a importância da política
Uma das poucas coisas positivas com a crise económica e financeira internacional, começada em 2008 nos EUA, é que muitas pessoas começaram a despertar para a importância da política e da cidadania. Isso é visível em manifestações, petições, abaixo-assinados, etc., sobretudo nas formas de mobilização que extravasam o controlo das organizações sociopolíticas tradicionais. E foi visível em manifestações como a de 12 de Março de 2011 ou a de 15 de Setembro de 2012, onde era possível encontrar gente de todas as idades e estratos sociais, bem como em iniciativas como as dos Indignados ou de vários grupos e tertúlias para o debate e a (in)formação políticas. Claro: nem tudo são rosas, seja porque será bom «não deitar o bebé fora com a água do banho» (as organizações sociopolíticas tradicionais são ainda os veículos centrais da representação política), seja porque falta muitas vezes capacidade propositiva a estas iniciativas mais inorgânicas, seja porque, por vezes, o criticismo anti-partidos e anti-classe política roça o populismo antidemocrático. Porém, globalmente, diria que o balanço geral é ainda bastante positivo.