Dia 2 de Março, eu vou e é fácil explicar porquê. Quase que chegava dizer: «eu vou porque sim».
Vou porque tenho filhos e quero que possam continuar a estudar, a crescer, quero que tenham outra perspectiva de futuro que não seja pirarem-se daqui para fora. Vou porque quero um dia almoçar com os meus netos todas as semanas.
Vou porque tenho pais velhos e não quero que poupem no aquecimento, nos remédios e na comida para sobreviverem, não quero que sofram ainda por cima por não poder ajudar os novos e que acabem por morrer angustiados com o país que deixam aos filhos e aos netos.
Vou porque tenho vizinhos desempregados, que não vêm na estatística, porque há lojas fechadas no meu bairro e fiscais da Câmara a cortar a água.
Vou porque anda gente a comer restos e a vasculhar o lixo.
Vou porque andam miúdos no comboio a fugir ao revisor, porque os pais não têm dinheiro para o passe.
Vou porque conheço famílias que tiveram de entregar a casa ao banco e eu tive de vender o carro para pagar o assalto aos BPN, enquanto os culpados andam na farra a contar os milhares das mais-valias.
Vou porque há gente doente obrigada a optar entre tratar-se e pagar a renda de casa.
Vou porque o regabofe tem de acabar enquanto ainda há alguma coisa para salvar.
Vou porque tem de haver moral. Vou porque temos mesmo que ir, porque já chega de gozarem com a nossa cara.
E vou porque quero continuar a poder olhar para o espelho sem vergonha.
Vou porque tenho filhos e quero que possam continuar a estudar, a crescer, quero que tenham outra perspectiva de futuro que não seja pirarem-se daqui para fora. Vou porque quero um dia almoçar com os meus netos todas as semanas.
Vou porque tenho pais velhos e não quero que poupem no aquecimento, nos remédios e na comida para sobreviverem, não quero que sofram ainda por cima por não poder ajudar os novos e que acabem por morrer angustiados com o país que deixam aos filhos e aos netos.
Vou porque tenho vizinhos desempregados, que não vêm na estatística, porque há lojas fechadas no meu bairro e fiscais da Câmara a cortar a água.
Vou porque anda gente a comer restos e a vasculhar o lixo.
Vou porque andam miúdos no comboio a fugir ao revisor, porque os pais não têm dinheiro para o passe.
Vou porque conheço famílias que tiveram de entregar a casa ao banco e eu tive de vender o carro para pagar o assalto aos BPN, enquanto os culpados andam na farra a contar os milhares das mais-valias.
Vou porque há gente doente obrigada a optar entre tratar-se e pagar a renda de casa.
Vou porque o regabofe tem de acabar enquanto ainda há alguma coisa para salvar.
Vou porque tem de haver moral. Vou porque temos mesmo que ir, porque já chega de gozarem com a nossa cara.
E vou porque quero continuar a poder olhar para o espelho sem vergonha.